sábado, 2 de junho de 2007

Oda Nobunaga ( Um dos Unificadores )

Em 1500, o Japão atingiu o ponto máximo da descentralização. Nem a corte imperial nem o xogunato Muromachi controlavam a autoridade política ou a ordem. O país estava dividido entre mais de duzentos e cinquenta senhores feudais (daimyos). Alguns deste daimyos contavam com as vitórias alcançadas a nível regional, para conseguirem uma hegemonia nacional. O primeiro daimyo a conseguí-lo foi Oda Nobunaga (1534-1582), o jovem chefe do pequeno domínio de Owari, na costa do Pacífico. Nobunaga tinha como objetivo iniciar a reunificação do país. Em uma série de batalhas taticamente brilhantes, Nobunaga abriu caminho por entre os daimyos e em 1568 controlava a região da capital.

Nobunaga distinguiu-se como gênio militar com vinte e sete anos na batalha de Okehazama, em 1566, onde não só derrotou um exército bem maior, o do clã Imagawa, a maior força militar da costa do Pacífico naquela época, como também capturou Imagawa Yoshitomo, o próprio daimyo. O sel que Nobunaga usava possuía os seguintes dizeres: Tenka fubu ("O reino em glória militar"), não deixando dúvidas quanto às suas pretensões. A palavra tenka ("todos sob o céu") refere-se a todo o reino do Japão e implica o controle da nação. Nobunaga via-se como um tenkajin, ou aquele que governa tenka. Ao entrar em Kyoto, declarou que estava apenas restaurando o xogunato Ashikaga, repondo no poder o décimo quinto shogun, Yoshiaki (1537-1597). Tudo isso não passou de um pretexto. Yoshiaki foi demitido passado pouco tempo e o xogunato de Ashikaga terminou.

O percurso de Nobunaga até atingir tenka não foi fácil. Em primeiro lugar, ambiciosos rivais daimyos ainda detinha o poder nas províncias e estavam prontos a eliminá-lo se pudessem; em segundo, encontrou grande resistência da parte dos exércitos monásticos budistas. No que respeita aos daimyos rivais, Nobunaga utilizou uma tática genial para os isolar e destruir com uma estratégia e tecnologia superiores. Na batalha crucial de Nagashino, em Mikawa (1575), Nobunaga aliou-se a Tokugawa Ieyasu para derrotar Takeda Katsuyori. A primeira razão para a sua vitória foi a utilização dos mosquetes, arma importada da Europa. Nobunaga organizou uma força de três mil mosqueteiros, dispô-los em três linhas, de forma a poderem disparar de dez em dez segundos. As forças de Takeda ainda eram constituídas por cavaleiros armados com espadas e por lanceiros, extremamente rudimentares em relação as de Nobunaga.

As lutas infligidas por Nobunaga às comunidades budistas foram igualmente bárbaras. Em 1574, em Nagashima, província de Owari, Nobunaga cercou vinte mil seguidores da escola budista Ikkoshu, homens, mulheres e crianças e lançou-lhes fogo. Foi a batalha mais brutal da era das batalhas sangrentas, talvez a mais brutal da história do Japão.

Pelo fato de Nobunaga ser cristão (seu nome cristão era Gerônimo) e pela insensibilidade com que esmagou os Ikkoshu, concluímos que ele não tinha o menor respeito pela religião tradicional. Em 1571, chacinou cerca de três mil monges do templo Enryakuji, no monte Hiei, um poderoso núcleo político e religioso do início do período Heian, porque aquele mosteiro o desafiara militarmente. Nobunaga era implacável com todo aquele que lhe fizesse frente, mas não deixava de reconhecer a autoridade imperial, nem a autoridade de outros templos e santuários desde que não pusessem em causa a sua hegemonia.

A tentativa de Oda Nobunaga para unificar tenka foi suspensa. Em 1582, enquanto ele e os seus companheiros estavam em Honnoji em Kyoto, Nobunaga foi assassinado por Akeshi Mitsuhide, um dos seus principais generais. Os guerreiros de Nobunaga delegaram em Mitsuhide, que foi destronado dias mais tarde por outro general de Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi (1536-1598), que lhe sucedeu como o novo tenkajin.

Uma frase pode resumir o estilo de Oda Nobunaga: "Se o passáro não canta, eu o mato."