sábado, 2 de junho de 2007

Período Jomon (10.000 a.C. - 300 a.C.)

Cerca de 10.000 anos a.C., houve um aumento universal das temperaturas que durou até 3.000 a.C. O nível dos mares subiu, enquanto que a atividade vulcânica diminuiu. Com isso o Japão ficou desligado do continente asiático, sujeito a um grande isolamento geográfico. Algumas espécies de animais desapareceram quando as ligações com o continente foram cortadas, mas, por outro lado, um clima mais quente propiciou um enriquecimento da flora e da fauna.


Foi mais ou menos nesta época que os habitantes do arquipélago tornaram-se peritos na modelagem e cozedura do barro. A técnica de levar a cozer ao fogo os vasos de barro implicou uma melhoria nas condições de vida, possibilitando o cozinhar dos alimentos, um melhor armazenamento e o transporte de água durante os deslocamentos.


O período Jomon, que vai desde 10.000 anos a.C. até 300 anos a.C., toma o nome desta cerâmica tão característica. Jomon significa "decorações cordiformes", pois muitas das peças eram decoradas através da impressão de cordas ou de ramos no barro ainda mole ou com bambu.

A maior parte dos conhecimentos que temos da sociedade Jomon, incluindo a sua cerâmica, vem-nos das escavações feitas em lixeiras, concheiros, estrumeiras e em fossos, todos eles contendo vestígios da alimentação, da vida cotidiana e dos rituais de inumação. Os homens do período Jomon se estabeleceram nas zonas costeiras e dedicavam-se à caça e à criação de animais, alimentavam-se de nozes, frutos, raízes, carne, peixe e marisco.

Com o clima quente do Jomon Médio surgiram árvores de folha caduca e a maior parte dos locais de habitação do período Jomon situava-se nas zonas montanhosas do centro do Japão. Por volta de 2.500 a.C., com a alteração do clima, invernos mais frios e mais chuvosos, as condições de vidas nas terras altas tornaram-se muito duras e o povo Jomon voltou para as zonas costeiras.

Muitas povoações Jomon eram semi-sedentárias, formadas por pequenos aglomerados de cabanas com teto de colmo semienterradas no chão, cada casa abrigava cinco ou seis pessoas. No interior, o centro era o lugar para o fogo. Em algumas das comunidades do período Jomon Médio Inferior havia casas escavadas no solo muito maiores do que as da era anterior. Devem ter servido para a realização de rituais ou para a habitação dos chefes das aldeias. Provavelmente muitas das comunidades tentaram ser auto-suficientes, mas há algumas indicações de trocas, quer a nível local, quer a nível regional. Tem havido uma considerável polêmica quanto ao fato do povo do Jomon Médio Inferior ter se dedicado à agricultura. A maior parte do investigadores é da opinião de que o homem do período Jomon sabia aonde encontrar plantas raras, como extrair tanino das plantas, bem como armazenar comida e conservá-la em sal e por isso não desenvolveu a cultura de cereais.

Enquanto alguns linguistas detectaram influências do sudoeste asiático na língua japonesa, prevalece a opinião de que no japonês existem raízes do coreano e de outras línguas altaicas. Consta que o que eventualmente se veio a formar como japonês surgiu no período Jomon.

Foram encontradas habitações do período Jomon em Hokkaido, a região do povo ainu. Os ainu são um povo caucasiano do norte da ásia que entrou nas ilhas em épocas muito remotas.

Passaram por Hokkaido até o nordeste do Japão, onde ainda existem muitos nomes em ainu. Algumas das palavras em ainu apresentam uma grande semelhança com o japonês. Nos séculos seguintes, os ainu, os ezo ou os emishi, tal como eram conhecidos, foram conduzidos para o norte pela expansão das várias tribos de diferentes raças em Honshu. A sua cultura sobreviveu até o século XX, mas tem sofrido grande pressão das correntes de imigrantes de Honshu no século XIX e está agora sendo rapidamente absorvida. No entanto, ainda se realizam os festivais ainu do urso e do salmão, mas atualmente existem muito poucos ainu de sangue puro.